quarta-feira, 11 de novembro de 2015

trezentos e tantos dias

doismilequinze. ano ímpar. ano de acontecimentos desagradáveis. ano do desespero. ano da solidão.
nesses trezentos e poucos dias vivi sentimentos que eu nem lembrava mais a sensação  (ou até mesmo nem sabia que existia). fui da extrema felicidade a extrema tristeza em minutos. eita ano difícil de conciliar. quase integrável. respira, já estamos em novembro. ano veloz esse; só não passou despercebido devido ao misto de sentimentos. calma mocinha, já se passaram trezentos e tantos dias. olha aí doizmiledezesseis. 

 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

solidão?

eu nunca fui muito de ser rodeada por pessoas, amigos e colegas. sempre fui na minha e passei toda minha vida assim, muito bem obrigada! 
eu gosto de ser sozinha, faz bem pra alma, faz bem pra pele e faz bem (principalmente) para lágrimas.
mas ultimamente isso vem me incomodando, não sei o quanto mas essa estranha sensação de estar sozinha o tempo todo me intriga. 
estranho mesmo é pensar sobre essa tal de solidão. seria o meu destino ser sozinha? será que é destino de todos serem sozinhos? o quê, afinal, me incomoda tanto com esse status já tão bem conhecido? 
muitas perguntas, outra tantas sem respostas.

Daqueles escritos achados pela internet ....

Tenho quebrado copos

Tenho quebrado copos
é o que tenho feito
raramente me machuco embora uma vez sim
uma vez quebrei um copo com as mãos
era frágil demais foi o que pensei
era feito para quebrar-se foi o que pensei
e não: eu fui feita para quebrar
em geral eles apenas se espatifam
na pia entre a louça branca e os talheres
(esses não quebram nunca) ou no chão
espalhando-se então com um baque luminoso
tenho recolhido cacos
tenho observado brevemente seu formato
pensando que acontecer é irreversível
pensando em como é fácil destroçar
tenho embrulhado os cacos com jornal
para que ninguém se machuque
como minha mãe me ensinou
como se fosse mesmo possível
evitar os cortes
(mas que não seja eu a ferir)
tenho andado a tentar
não me ferir e não ferir os outros
enquanto esgoto o estoque de copos
mas não tenho quebrado minhas próprias mãos
golpeando os azulejos
não tenho passado a noite
deitada no chão de mármore
estudando as trocas de calor
não tenho mastigado o vidro
procurando separar na boca
o sabor do sangue o sabor do sabão
nem tenho feito uma oração
pelo destino variado
do que antes era um
e por minha força morre múltiplo
tenho quebrado copos
para isso parece deram-me mãos
tenho depois encontrado
cacos que não recolhi
e que identifico por um brilho súbito
no chão da cozinha de manhã
tenho andado com cuidado
com os olhos no chão
à procura de algo que brilhe
e tenho quebrado copos
é o que tenho feito

Ana Martins Marques